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Meus contos de fadas

 A partir de minha pesquisa em contos populares europeus, conhecidos como contos de fadas, produzi cinco obras recriativas em texto em ilustrações de minha autoria, publicadas pela Editora Mercado Aberto, na Série Reconto, de 1995 a 2004: Os sapatnhos vermelhos (1995); Cinderela - uma biografia autorizada (1997); O flautista de Hamelin (2000); A outra história de Rapunzel (2002); Uma princesa e uma ervilha (2004). Duas outras foram versadas em quadrinhos. Uma delas, Adormecida - Cem anos para sempre, pela editora 8Inverso em 2012; outra, Zwei rosen in Berlin, faz parte da edição Osmose, uma antologia em quadrinhos bilíngue português-alemã, composta de seis autores brasileiros e alemães, publicada pelo Goethe Institut, em parceria com a Libretos, em 2013. Os sapatinhos vermelhos recebeu o Selo Altamente Recomendável em 1996 e Troféu Açorianos de Melhor Livro Ilustrado em 1996; Cinderela - uma biografia autorizada ganhou Troféu Açorianos de Melhor Livro Infanto-Juvenil em 1998. 

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OS SAPATINHOS VERMELHOS

Livremente inspirada no conto Os sapatos vermelhos, de Hans Cristian Andersen.

Sinopse: Uma menina de rua adolescente apaixona-se por um jovem Sapateiro, que a presenteia com um estranho e perigoso par de sapatos vermelhos. Adotada por uma senhora muito rica, que lhe dá roupas e calçados novos, nem assim a menina consegue abandonar o par de sapatos vermelhos, conservados e calçados às escondidas de sua madrinha. 

"No casarão do Sapateiro, uma jovem movimenta-se sem parar, numa dança alucinada. Sua roupa está em frangalhos, toda ela está suja, e seu aspecto é doentio, beirando à exaustão. No entanto, os olhos ainda brilham com vivacidade incomum, enquanto ela suplica em desespero:

- Sapateiro... oh, Sapateiro... faça-me parar! Eu... eu não aguento mais!

- Eu bem te avisei para que tivesses cuidado com estes sapatinhos... Mas tu abusaste deles.

Ele lhe dá as costas e caminha em direção a uma outra sala. O Casarão está escuro, e a jovem, sempre a dançar, tem difculdade em segui-lo. Esbarrando em porcelanas, pratarias e cristais que compõem bizarra música à sua passagem, ela geme e implora:

- Por favor... por... favor... qualquer coisa...

O Sapateiro vira-se, de súbito:

- Qualquer coisa? - ele ri rapidamente - Qualquer coisa? - Ele pega um punhal. - Só há um modo de fazê-los parar, os teus lindos pezinhos. ​"

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CINDERELA - UMA BIOGRAFIA AUTORIZADA

Livremente inspirado nas compilações de Cinderela ou A gata borralheira, de Charles Perrault e dos irmãos Grimm.

Sinopse: Uma jovem órfã vê a pequena herança deixada pelo pai sendo dilapidada por sua madrasta e suas meias-irmãs. Desesperada, ela decide pedir ajuda ao rei, e para isso conta com a simpatia de um estilista de moda. Enquanto isso, o filho do rei vê-se obrigado ao casamento e a participar de um baile promovido por assessores reais com finalidade de escolher sua noiva.

“Durante toda a manhã, enquanto ocupava-se dos serviços domésticos, distraía-se, obcecada por seus sentimentos. Seria isso estar apaixonada? Pensava ela, examinando-se. Mas era assim, tão rápido? De um modo tão inesperado, sem aviso prévio? Nenhum Cupido para anunciar: “Olhe, você vai se apaixonar esta noite, fique atenta, não diga besteira, não banque a idiota, porque é hoje que você vai encontrar o seu grande amor…"Súbito, suou frio. E ele? Meu Deus, e ele – terá ele se apaixonado? Cinderela vasculhou novamente os fatos da noite anterior e não viu nenhum sinal. Nada que indicasse ser correspondida. A não ser as manchetes dos jornais… contudo, pode-se confiar nos jornais? A seguir, vieram-lhe lágrimas aos olhos: que pena, acabava de lembrar-se da decisão do Príncipe de viajar para o Tibete!…

- Cinderela, o que está acontecendo? - A Madrasta viera até a cozinha e olhava para a panela cujo conteúdo fervia, espumante, no fogão.

Cinderela derramara detergente no feijão como se fosse tempero”.

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O FLAUTISTA DE HAMELIN

Livremente inspirado nas versões do conto popular alemão: O flautista, O flautista mágico, ou As crianças de Hamelin

Sinopse: Antônia, filha única do Prefeito de Hamelin, apaixona-se por um misteriosos flautista ambulante, cuja música liberta a cidade de uma invasão de ratos. O Prefeito, contudo, não acredita na eficácia da flauta e expulsa o artista que, junto com Antônia, leva consigo toda a população infantil e juvenil, deixando os hamelianos e o Prefeito desesperados.

"Tive de novo aquele pesadelo horrível, um que eu tenho desde pequena, e que parece acontecer de verdade. As patas de rato saem da parede onde minha cama fica encostada, e vêm me agarrar enquanto durmo...

Depois, um monte de ratos vêm correndo pelo chão e tentam subir na minha cama... eles querem me devorar! 

Dessa vez eu ainda pude senti-los morderem minhas pernas, e eu não podia levantar, eu não podia fugir, presa na cama, por causa das patas de rato que saíam da parede, e foi aí que eu vi os olhos deles, brilhantes, lá no escuro, e eu tentei gritar, mas minha boca... um rato entrou na minha boca!"

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A OUTRA HISTÓRIA DE RAPUNZEL

Livremente inspirado no conto Rapunzel, dos irmãos Grimm.

Sinopse: A filha recém-nascida de um casal hippie é entregue a uma mulher mística chamada Guru, após esta declarar que a criança é a Filha da Nova Era. Educada pela Guru, a jovem acredita em sua predestinação e na força mágica de seus cabelos, deixando-os crescer. Isolada em um universo de crenças mágicas e espirituais, ela é encontrada por Marcus Vinícius, um jovem milionário e entediado, procurado pela polícia por suposto envolvimento com narcotráfico. 

"A construção tinha o tamanho de uma casa, e a única torre a altura de dois andares. Plantadas em volta, estátuas de anões de jardim, misturadas a ninfas gregas e apolos. De longe não dava pra ver, mas inúmeros candeeiros contornavam a trilha meio escondida pelo mato.

Tudo era tão bizarro que Marcus Vinícius ficou com vontade de rir. Resolveu seguir a trilha até chegar perto da torre. Olhou pra cima. Viu uma janelinha aberta e, de repente, não viu mais nada. Alguma coisa tinha sido jogada sobre ele, alguma coisa sufocante e peluda, da qual ele tentou com muita dificuldade escapar. Os pêlos entravam dentro dos olhos, e foi às cegas que abriu caminho com os braços - o troço parecia uma cortina...

Livre, respirou com dificuldade, apressado e ansioso para recuperar o ar perdido, e só depois então se voltou. Aí viu que não era uma cortina, nem um bicho, como chegou a pensar. Era cabelo! Puro cabelo! Uma cabeleira enorme, compridíssima, que descia janelinha abaixo."

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UMA PRINCESA E UMA ERVILHA?

Livremente inspirado no conto A Princesa e a ervilha, de Hans Christian Andersen.

Sinopse: Um príncipe deseja casar-se com uma princesa perfeita. Em pesquisa na Internet, ele encontra cinco candidatas e consegue marcar encontro com todas elas, menos com uma, que não lhe responde.

"Enquanto conversavam suas altezas lá embaixo, a Rainha, já de pijama e coberta de cremes revitalizadores, pronta para deitar-se ao lado do Rei que roncava, lembrou-se de uma simpatia antiga, coisa lá de sua tataravó. Dizia sua mãe, que dizia sua vó, que contava sua bisa, que por sua vez lhe ensinara sua tata que, em se colocando um grãzinho de ervilha, e somente um grãozinho, embaixo do colchão da cama de alguém, ficava-se sabendo se esse alguém era a pessoa ideal e verdadeira o suficiente para casar-se com um ente da família. A simpatia devia servir tanto para o sexo masculino quanto para o sexo feminino, porque ela se lembra de sua mãe tê-la aplicado não só à futura esposa do mano Roberto, mas também ao Rei, que jamais ficou sabendo dessa história."

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ADORMECIDA - CEM ANOS PARA SEMPRE

Livremente inspirado nas versões de A bela adormecida, compiladas por Charles Perrault e pelos irmãos Grimm.

Sinopse: Um nobre viajante perde-se de sua comitiva durante uma tempestade de areia no deserto, e depara-se com um misterioso castelo, habitado por fadas que cuidam de uma princesa e do seu povo adormecidos, controlados por uma feiticeira poderosa e sensual.

"E tu formosa, vem à minha presença. Une-te à minha essência: que de dois um só se faça. Eu já não suporto mais não conhecer a ameaça do belo, do bem, da luz que tu representas. Pois é através de ti, linda princesa, que saio da mais negra escuridão... 

Pois és tu o portal do Paraíso. E o sono da morte a minha chave. Dorme então, bela princesa. Oh, Adormecida, conceda-me tua alma de bondade, que e não tenho e desejo tanto...

Entra, princesa, e toca o fuso desta roca. Dá-me tua mão, entrega-me tua alma..."

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ZWEI ROSEN IN BERLIN [DUAS ROSAS EM BERLIM]

Livremente inspirado no conto Rosa Branca e Rosa Vermelha, dos irmãos Grimm.

Sinopse: Em Berlim, uma imigrante recém-chegada, após ter relações sexuais forçadas com um misterioso homem fantasiado de urso natalino, dá à luz a um par de meninas gêmeas univitelinas. Para não confundi-las, pinta os cabelos de uma delas de amarelo e, da outra, de vermelho.

"- Ooh... year after year, and I can't get use to this cold! Gelbchen, Rötchen, I'm h...

  - Mami... können wir den bär behalten?"*

* - Ooh... ano após ano, e eu não consigo me acostumar com esse frio! Rosa Amarela, Rosa Vermelha! Cheg...

   - Mami! A gente pode ficar com o urso?

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